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Ouroboros (ou
oroboro ou ainda
uróboro) é um
símbolo representado por uma
serpente, ou um
dragão,
que morde a própria cauda. O nome vem do grego antigo: οὐρά (oura) significa "cauda" e βόρος (boros),
que significa "devora". Assim, a palavra designa "aquele que devora a própria cauda". Sua representação
simboliza a
eternidade. Está relacionado com a
alquimia, que é por vezes representado como dois animais
míticos, mordendo o rabo um do outro. É possível que o
símbolo matemático de
infinito (∞) tenha tido sua
origem a partir da imagem de dois ouroboros, lado a lado
1 .
Segundo o
Dictionnaire des symboles 2 o ouroboros simboliza o ciclo da
evolução voltando-se sobre si
mesmo. O símbolo contém as ideias de movimento, continuidade, auto
fecundação e, em consequência,
eterno retorno.
Albert Pike, em seu
livro,
Morals and Dogma [p. 496], explica:
"A serpente, enrolada em um ovo, era um
símbolo comum para os egípcios, os druidas e os indianos. É uma referência à criação do universo".
A forma circular do símbolo permite ainda a interpretação de que a serpente figura o mundo
infernal, enquanto
o mundo celeste é simbolizado pelo círculo.
Noutra interpretação, menos
maniqueísta, a serpente rompe uma
evolução linear, ao morder a cauda,
marcando uma mudança, pelo que parece emergir num outro nível de existência, simbolizado pelo
círculo.
Para alguns autores, a imagem da
serpente mordendo a
cauda, fechando-se sobre o próprio ciclo, evoca a
roda da existência. A roda da existência é um símbolo
solar, na maior parte das tradições. Ao contrário do
círculo, a roda tem certa valência de imperfeição, reportando-se ao mundo do futuro, da criação contínua,
da contingência, do perecível.
O ouroboros costuma ser representado pelo círculo. O que parece indicar, além do perpétuo retorno, a
espiral da evolução, a dança sagrada de morte e reconstrução.
Pode-se referir que o ouroboros, ou símbolos semelhantes, constam de obras alquímicas, nas quais significa
“alimenta este fogo com fogo, até que se extinga e obterás a coisa mais estável que penetras todas as coisas,
e um verme devorou o outro, e emerge esta imagem”. Isto, após uma fase em que pela separação se divide o
um em dois, que contém em si mesmo o três e o quatro,
“... é um fogo que consome tudo, que abre e fecha
todas as coisas”.
3
Registre-se ainda, na tentativa de avançar pistas para a raiz
etimológica da palavra “
ouroboros”, que em copta
“
ouro” significa “rei” e em hebraico “
ob” significa “serpente”.
Se o segundo símbolo constante da nossa imagem for uma
alcachofra, diga-se que esta é tida por alguns
4 o
análogo
vegetal da
fénix, pois após ser submetida ao calor a sua flor perde o colorido e fica totalmente branca,
posto o que renasce.
Geralmente, nos livros antigos, o
símbolo vem acompanhado da expressão "
Hen to pan" (o um, o todo).
Remete-se assim, mais uma vez, ao tema da
ressurreição, que pode simbolizar o “novo” nascimento do
iniciado.
Em relação a certos ensinamentos do
budismo tibetano (como
dzogchen e
mahamudra), pode-se esboçar uma
maneira específica para vivenciar (em estado meditativo) este ato de "morder a própria cauda". Por exemplo, ao
perceber-se num estado mental atípico (além das formas habituais) procurar olhar a si mesmo.
- Ir para cima↑ http://www.stephenlinsteadtstudio.com/Images/ouroborus/ouroboros_figureeight.jpg
- Ir para cima↑ Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Robert Laffont, 11ª impressão, Paris, 1990, pág. 716
- Ir para cima↑ cfr. Abraham Eleazar, “Uractes chymisches werk”, Leipzig, 1760, in “Alquimia & Misticismo”,
- Alexander Roob, Taschen, Lisboa, 1997, pág. 403.
- Ir para cima↑ cf. O esoterismo da Quinta da Regaleira, Vitor Mendanha entrevista José Manuel Anes, Hugin,
- Lisboa, 1998, pág. 23